quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O Púlpito

Os púlpitos nas igrejas são um pouco como as cruzes, mais ou menos elaborados, há-os para todos os gostos. Alguns são verdadeiras obras de arte como os que encontramos nas Catedrais antigas. Outros porém, são simples, ou mesmo de design ultrapassado, a precisar de ser reformados. Independentemente da sua forma, dos materiais que os compõem ou até do seu posicionamento nos santuários/auditórios, nuns casos colocados mais à esquerda, noutros mais à direita ou até mesmos ao centro, devem ser vistos como peças de mobiliário, cujo objectivo primário é servir de plataforma para a exposição das Escrituras. Não se trata de objectos sagrados, devendo ser, no entanto, e à semelhança de outro mobiliário consagrados ao serviço de Deus. Pessoalmente creio que mais importante do que considerar o púlpito na sua vertente estética é fundamental considerá-lo do ponto de vista ético. E nesse sentido, gostaria de partilhar o que penso que deve e não deve ser o púlpito.
Não deve ser um lugar de promoção pessoal
Os pregadores da igreja primitiva pregavam a Cristo e este crucificado. A centralidade da sua mensagem era Cristo e não eles próprios. A glória da cruz deveria sobressair sobre tudo o mais (Gálatas 6:12-15). A agenda ou os atributos pessoais dos pregador são irrelevantes num lugar como este. Importa que Ele cresça e nós diminuamos.
Não deve ser um lugar de entretenimento
Um pregador do evangelho não é um entretainer, alguém que dispõe bem os seus ouvintes com algumas histórias humorísticas. O local de culto não é uma sala de stand-up comedy. Deus nos livre de “precisarmos” de nos tornar engraçados, mas destituídos de real graça, numa tentativa de nos fazermos ouvir (Actos 8:9-11). Isto não significa, contudo, que tenhamos que estar diante da congregação quais “múmias”, ou que não haja momentos de algum humor.
Não deve ser um lugar de arremesso
Usar o púlpito para atacar pessoas, denegrir a sua imagem, humilhá-las é desadequado. O púlpito não é um lugar de expor a vida de outrem nem deve ser usado para enviar recados a alguém. O alvo do pregador não é atacar pessoas (III João 9-10), mas dirigir o seu ataque contra o erro, evidenciando virtudes como a simplicidade e a pureza “que há em Cristo” (II Coríntios 11:3).
Não deve ser um lugar de oratória
Quando Paulo escreve a sua Primeira Carta aos Coríntios, lembra-os de que não se apresentou diante deles com um discurso altamente elaborado, persuasivo em sabedoria e no conhecimento humano, salpicado aqui e ali com algumas verdades bíblicas “mas em demonstração do Espírito e de poder” (I Coríntios 2:1-5). Nós não precisamos de púlpitos cheios de eloquência, mas vazios do poder de Deus.
Deve ser, por excelência
- Um lugar onde todo o conselho de Deus é anunciado com clareza e firmeza (Neemias 8:8; Actos 20:20, 25-27), de modo a ter aplicação prática na vida dos ouvintes, trazendo desafio, motivação, consolação e encorajamento, se necessário arrependimento (II Timóteo 3:16-17;4:2).
- Um lugar onde acontece a passagem de testemunho às gerações seguintes, uma actividade espiritual contínua, como Paulo faz questão de lembrar a Timóteo (II Timóteo 2:2).

Quando usado correctamente o púlpito pode e deve ser um lugar de bênção e edificação, mesmo quando for necessário corrigir, mas se imperar a falta de rigor espiritual pode tornar-se num lugar de perversão do evangelho de Cristo (Gálatas 1:6-10). Os discursos facilitistas, que tendem a relativizar questões morais e doutrinárias, podendo induzir os ouvintes a baixar a guarda no que respeita aos padrões absolutos da verdade do evangelho são um sinal dos tempos (II Timóteo 4:3-4). O pregador não está ali para falar do que agrada aos seus ouvintes, mas para falar “o que é recto” (Isaías 30:10).

7 comentários:

  1. Penso que os dois pesos na balança da nossa pregação devem ser Graça e Verdade resultando numa vida de liberdade para servir a Cristo.

    A Graça sem a Verdade resulta em libertinagem.

    A Verdade sem a Graça resulta em legalismo.

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  2. Concordo com o estudo sobre o púlpito. Não sendo um "altar" , também não é um local de expressão de ideias levianas e humanas. Como cristãos temos responsabilidade de comunicar Cristo, não comunicar a nossa eloquência ou humor...seja do púlpito seja em conversas particulares, ou na internet, por exemplo.

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  3. Sem dúvida,plenamente de acordo. A edificação dos cristãos deve basear-se no comentário da Palavra de Deus com verdade, amor e graça. O púlpito deve ser considerado um lugar santo para falar de um Deus santo.

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  4. Muito pertinentes as observações.
    Que Deus nos ajude a honrar o seu grande nome e a pregar com amor e fervor todo o conselho de Deus.

    Um abraço a toda a família.

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  5. Olá Pastor!
    A Paz do Senhor!
    Mais uma vez podemos desfrutar da orientação que o Espírito Santo lhe dá.
    Um púlpito quando é utilizado pr um homem inspirado pelo Espírito Santo de Deus é uma benção!

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  6. Paz do Senhor! Fiquei muito feliz no Senhor pela oportunidadade que Ele me deu para ler o seu estudo sobre o Púlpito. Agora fiquei esclarecida e percebendo que muitas coisas de errado têm acontecido num lugar que deve ser santo. Que Deus nos ajude e tenha misericordia de nós. Que Deus continue sempre a abençoa-lo e a usa-lo.

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  7. Boas!
    Gostaria de expressar, que para mim, este post se resumiria na seguinte frase "Um lugar onde acontece a passagem de testemunho às gerações seguintes, uma actividade espiritual contínua" onde o irmão usa como base IITm.4:3-4. Esta frase leva-me a algo muito natural que acontece ao estarmos (quem está a partilhar as Escrituras) a viver o que dizemos crer. Agora tenho dificuldade de valorizar a ideia de quem está no púlpito ser o mensageiro de Deus para a igreja ou a comunidade em questão, soa-me ao representante de Deus na terra, o único que compreende Deus e que pode ser Seu intérprete... sei que a maioria não pensa assim (ou não) mas tenho a impressão que de alguma forma, uns mais e outros menos, alimentamos esta ideia do homem santo de Deus o ungido do Pai. Afinal só há um mediador, lembrando mais uma vez as palavras de Paulo, e seu nome é Jesus.

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