quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

50 por cento

No intervalo de uma sessão, num seminário sobre crescimento da igreja, dois dos participantes, ambos pastores, conversavam entre si sobre o que já haviam escutado. Um deles, em jeito de desabafo, falava sobre a dificuldade que experimentava na igreja que pastoreava, em encontrar pessoas que estivessem envolvidas nas várias actividades e sectores da congregação. O seu desejo, dizia, era ter mais pessoas disponíveis para com ele ombrear nas tarefas internas e no serviço à comunidade. O outro pastor ouviu atentamente o lamento do seu colega de ministério, dizendo também ele o que pensava sobre a questão: “ Sabe, eu cá não tenho que me preocupar com isso, pois os membros da minha igreja envolvidos a 100%.” O outro pastor ficou surpreendido e, por sua vez, perguntou: “Mas, então, como é isso possível, se esta parece ser uma dificuldade com que se debatem a maioria dos pastores”? Ele respondeu: “É verdade, estão todos envolvidos: 50% estão activamente envolvidos ao meu lado, os outros 50% também estão activamente envolvidos mas em criar dificuldades ao meu trabalho.”

De facto, uma das preocupações que os pastores têm nas suas congregações é encontrar pessoas que, de forma deliberada e desinteressada, se ocupem nalguma tarefa por mais simples que seja, que decidam colocar os seus talentos, os dons espirituais e o seu tempo ao serviço da congregação e da comunidade. Veja-se o caso de Dorcas (Actos 9:36-43), por exemplo. Foi uma mulher que deu do seu tempo à comunidade em que estava inserida, costurando roupas para as viúvas e praticando boas obras. Porém, alguém poderá dizer: “Bem, talvez Dorcas tivesse muito tempo disponível”. Não sabemos se tinha ou não, mas podemos estar certos de que ela encontrou tempo para confeccionar aquelas roupas. Como seria diferente se nos lembrássemos de que há pessoas que tudo quanto precisam de nós é de um pouco do nosso tempo. Contudo, ela disponibilizou também o seu talento.

Todos temos talentos que precisamos de cultivar, ao invés de mantê-los inactivos como o servo da parábola dos talentos (Mateus 25:14-30). Talvez não tenhamos jeito sequer para coser um botão, quanto mais para fazer peças de vestuário, mas até um simples gesto como pegar no telefone e ligar a um amigo com quem já não falamos há muito tempo, pode fazer a diferença. Na hora da recompensa, longe de receber a palavra de aprovação, “Foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei, entra no gozo do teu senhor”, foi despojado até daquilo que tinha. Feliz aquele que sabe fazer o bem e o faz.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Um dia especial

O dia de hoje tem um duplo significado para mim. Em primeiro lugar, trata-se do meu aniversário, ainda que na minha idade dizem, já não se faz anos. Já agora, se por acaso tem alguma curiosidade em saber quantos anos tenho, digo-lhe que a minha idade se situa entre os cinquenta e os sessenta anos. Depois, porque escolhi este momento para inaugurar o meu blog, e desta forma dar uma prenda a mim mesmo.
“Espero ser útil” define o meu objectivo ao criar este espaço que agora torno conhecido. O sentido de utilidade que um blog como este pode ter, tornou-se ainda mais evidente há dias, quando encontrei um artigo que escrevi para a revista Mulher Criativa, intitulado “A lição do bambu”, transcrito num blog de uma missionária a residir em Portugal. Achei interessante a forma como ela apresenta o referido artigo: “…Parece engraçado esse título mas a mensagem é poderosa. Li essa história e gostaria de compartilhar com todos vocês”.
Bem – vindos ao “Espero ser útil”

Substituir a Bíblia

Com a proliferação de seitas religiosas, são cada vez mais os incautos que ficam enredados nas suas doutrinas e ensinamentos. Algumas têm-se tornado populares ao ponto de atraírem figuram públicas, tais como os actores de cinema Tom Cruise e outros.

Uma das características das seitas ou dos novos cultos, é que usualmente subvertem a Palavra de Deus, ou pura e simplesmente a anulam das suas práticas e crenças. Exemplo disso é a Igreja da Unificação, cujos membros acreditam que “O Princípio Divino” do seu mentor Sun Myung, é a Bíblia de hoje. Outras, como o Hare Krisshnas, reivindicam ser os seus escritos compatíveis com a Bíblia.

Muitos de nós recordamos certamente o trágico acontecimento que vitimou cerca de 900 pessoas, seguidores de Jim Jones, responsável pela sua morte por envenenamento, depois de lhes ter anunciado o fim do mundo. No rescaldo deste horrível incidente, um dos militares americanos responsáveis pela remoção dos corpos disse: “Em todo o acampamento, não foi encontrado um só exemplar da Bíblia”.

Este incidente teve lugar na Guiana Francesa, no ano de 1978. Mas não é um caso único de extremismo religioso. Em 1997, uma seita conhecida por “Portão do Céu”, uma autêntica salada que incluía ocultismo com fanatismo religioso, induziu 40 seguidores ao suicídio.

Deus nos livre de substituirmos a Palavra de Deus do centro dos nossos cultos, da nossa pregação, dos nossos púlpitos, do seio da nossa família. Sempre que se refere à Palavra de Deus, Billy Graham não se cansa de enfatizar: “A minha Bíblia diz…”. Eu temo que parte daquilo que hoje se diz a partir dos púlpitos, não seja tanto o que a Bíblia diz, mas que se esteja a transmitir e a enfatizar pareceres pessoais, de outros ou do próprio que está no uso da Palavra.

Será que a Bíblia tem tendência a ser substituída entre nós? É verdade que a Palavra de Deus jamais poderá ser aniquilada, como muitos já o procuraram fazer. Contudo, pode vir a perder a sua influência e corremos o risco de ver tal acontecer com mais frequência. Quando ela deixa de ser “Lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho” (Salmo 119:105), e única regra de fé e conduta, então estaremos muito próximo do declínio.

Grande pregador

“Nisso pensai”, ou como diz uma outra tradução “Seja isso que ocupe os vossos pensamentos”, ou ainda como traduz Wust: “Fazei dessas coisas o objecto de cuidadosa reflexão”. Este foi um dos inúmeros conselhos que Paulo deu aos Filipenses, conforme lemos no capítulo 4 e versículo 8 desta sua epístola. Partindo destas palavras do apóstolo, convido-vos a reflectir sobre um pequeno texto onde o autor alerta para o perigo do orgulho.
Conta Richard Mayhue, no seu livro “Unmasking Satan”, que quando assumiu o pastoreado de uma igreja, uma senhora enviou-lhe um cartão de boas-vindas onde partilhava também uma importante verdade espiritual. E a mensagem era a seguinte: “Irmão, não procure ser um grande pregador. Pelo contrário, pregue sobre um grande Salvador”.
Ao reflectir sobre o conteúdo daquele cartão, Mayue expressou a sua gratidão para com ela pela forma como fora encorajado a evitar o orgulho, uma armadilha onde alguns têm hipotecado o seu ministério (I Timóteo 3:6).
Ninguém está imune ao orgulho, o qual é por muitos considerado como uma das principais causas na queda dos líderes. Henry e Richard Blackaby, no seu excelente livro “Spiritual Leadership”, afirmam que “o orgulho é perigoso para os líderes porque se pode tornar subversivo na forma como se move vagarosa e silenciosamente nas suas vidas”.